5 - 6 minutes read‘Família Aro’ promete apoio a Fuad na Câmara de BH, mas não a qualquer custo
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O grupo de vereadores de BH ligados ao ex-deputado Marcelo Aro (PP), recentemente, em acordo com o prefeito, aceitou reforçar a base do governo

A “Família Aro”, grupo de vereadores de BH ligados ao ex-deputado Marcelo Aro (PP), recentemente, em acordo com o prefeito Fuad Noman (PSD), aceitou reforçar a base na Câmara Municipal. No entanto, os parlamentares não prometem “apoio cego” aos projetos da prefeitura e garantem que vão continuar dialogando e cobrando do Executivo quando necessário. 

A princípio, a adesão do grupo representava um acréscimo de dez vereadores à base, no entanto Loíde Gonçalves (Podemos) tem demonstrado que seguirá com maior independência. Nesse sentido, a base, que contava com 15 vereadores fixos, com esses nove, chega a 24 parlamentares, mais os vereadores da esquerda (5), que pode elevar o número a 29 vereadores. Com esse apoio, o Executivo, por exemplo, não teria dificuldade de aprovar o Projeto de Lei que busca dar às empresas de ônibus um subsídio de R$ 500 milhões, já que a matéria necessita de 28 votos para ser aprovada.

No primeiro teste, a Família Aro demonstrou estar com a prefeitura, e nenhum vereador do grupo assinou o projeto de resolução proposto pelo chefe do Legislativo para sustar o decreto do prefeito que concedeu o aumento nas passagens de ônibus. A prefeitura também não terá susto para aprovar hoje, em segundo turno, o projeto de lei que altera em 50% o valor da outorga onerosa em construções na região Centro-Sul. O Projeto de Lei 508/2023, em primeiro turno, recebeu voto favorável da Família Aro, antes mesmo de os vereadores migrarem para a base. Apenas o grupo da esquerda deve votar contra o texto.
Já no PL do subsídio, os vereadores da Família Aro destacaram que devem votar pela aprovação, no entanto, exigem contrapartidas às empresas.

“Queremos um transporte que atenda dignamente a população com cumprimento de quadro de horário, mais viagens, manutenção e aumento da frota, transparência nas planilhas de custos e preço justo de passagens”

Wilsinho da Tabu, líder do PP

“Queremos um transporte que atenda dignamente a população com cumprimento de quadro de horário, mais viagens, manutenção e aumento da frota, transparência nas planilhas de custos e preço justo de passagens”, pontuou Wilsinho da Tabu, líder do PP. 

“Nós fomos para a base, porque acreditamos que o Legislativo e o Executivo precisam dialogar. Mas não daremos um apoio irrestrito, e isso foi posto ao prefeito em reunião. O subsídio, por exemplo, é claro que todos nós queremos que essa passagem seja baixa, mas, se não houver garantia da melhoria do serviço, garantia de retorno ao cidadão, nós não vamos votar para aprovar”, pontuou Wesley Moreira (PP).

Outro vereador do grupo político, Rubão (PP), corrobora com a posição dos colegas. “Em relação a subsídio, nós já fizemos um  ano passado, se possível fazermos outro. Mas a  passagem precisa baratear e qualidade das viagens e do serviço precisa melhorar”, pontuou o parlamentar. 

Outra proposta vista como cara para a PBH é a reforma administrativa, que a princípio previa uma nova secretaria e a criação de até 500 cargos comissionados. A oposição demonstrou resistência à matéria desde o início e em acordo o prefeito decidiu retirar o texto de tramitação e reenviá-lo fatiado em três novos projetos, cujo teor ainda não foi revelado. 

“Não consigo adiantar o voto sem conhecermos na íntegra o inteiro teor de cada uma”

vereador Wilsinho da Tabu

Wilsinho da Tabu afirmou que, como os três textos ainda não foram apresentados, não dá para prever apoio. “Não consigo adiantar o voto sem conhecermos na íntegra o inteiro teor de cada uma”, concluiu.

‘Questão ideológica’ fica de fora

O vereador Wesley Moreira (PP), que preside a frente cristã da Câmara, afirmou que foi posto ao prefeito que questões ideológicas e de valores não serão negociadas. Ele garantiu que, caso o prefeito vete o projeto que proíbe o uso de linguagem neutra nas escolas, por exemplo, os vereadores da Família Aro votarão pela derrubada do veto. 

“Para nós, existem valores que estão até mesmo acima da Constituição. Acreditamos que o prefeito irá vetar, baseado no entendimento do STF de que a matéria é inconstitucional. Mas nós vamos derrubar o veto e mesmo que a questão seja judicializada é importante para nós que o tema seja debatido e a discussão levantada”, destacou.

De acordo com ele, na reunião que oficializou a aliança, o posicionamento ideológico do grupo foi colocado. O governo não costuma se posicionar em pautas ideológicas de vereadores, com encaminhamento de votos, por exemplo.

Diálogo melhorou com Fuad

Os vereadores da Família Aro afirmam que, até quando estavam na oposição, o diálogo com Fuad Noman era melhor que com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD). 

De acordo com o vereador Rubão (PP), foi pedido ao prefeito que o trabalho dos vereadores seja respeitado.

“O que tivemos em reunião com o prefeito foi pautar que nós da  família Aro  teremos  o direito de exercer nossas funções.  O que era difícil com o Kalil, que não havia diálogo”, destacou Rubão. 

Não se faz política sem diálogo como aconteceu quando do prefeito antecessor ao Fuad. Nem sempre uma negativa de atender uma demanda por alguma dificuldade técnica é vista pelo legislativo como recusa de atendimento, desde que haja diálogo explicando. É aquele ditado que o não bem explicado também pode ser uma boa resposta

vereador Wilsinho da Tabu

Wilsinho da Tabu (PP) ponderou que os vereadores são capazes de compreender recusa às demandas por algum empecilho técnico, mas que é preciso sempre uma resposta do Executivo.

“Não se faz política sem diálogo como aconteceu quando do prefeito antecessor ao Fuad. Nem sempre uma negativa de atender uma demanda por alguma dificuldade técnica é vista pelo legislativo como recusa de atendimento, desde que haja diálogo explicando. É aquele ditado que o não bem explicado também pode ser uma boa resposta”, destacou o vereador

Já Wesley Moreira (PP) pondera que, diferentemente de Kalil, Fuad, mesmo com maioria, vive um contexto em que o presidente da Casa atua de forma independente, o que exige dele ainda mais abertura para o diálogo.

OTempo