Mesmo em período eleitoral, Câmara de BH tem casa cheia em reunião ordinária
Mesmo com mais da metade dos(as) vereadores(as) se apresentando como candidatos(as) nas eleições deste ano, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) teve ‘casa cheia’ nesta quinta-feira (1º) e aprovou o único projeto que foi para votação em plenário, a primeira dentro do período eleitoral. De forma remota ou presencial, os 41 parlamentares participaram da votação – 24 parlamentares disputam algum cargo eletivo nas eleições deste ano.
O projeto aprovado por unanimidade é de autoria do vereador Wilsinho da Tabu (PP) e trata sobre a obrigatoriedade de informação ao Legislativo sobre as alterações nas tarifas do Serviço de Transporte Público de Passageiros do Município de Belo Horizonte. Ele já tinha recebido pareceres favoráveis pelas comissões de Legislação e Justiça, Direitos Humanos, Administração Pública e Desenvolvimento Econômico.
Mesmo com as atenções divididas entre a reunião e o pleito de outubro, alguns parlamentares se exaltaram no plenário. Candidato a deputado federal, o vereador Léo Burguês (UB) começou um atrito ao falar que teria sido acordado, entre a presidente da CMBH, Nely Aquino (Podemos), e líderes de bancadas, votações menos polêmicas para o mês de setembro.
Bruno Miranda (PDT), vereador e candidato ao Senado, indicou que as críticas aconteceram pelo fato de a corrida eleitoral estar em andamento, e que não se pode fazer da CMBH um palanque eleitoral. Nely, que além de ser presidente da Câmara é candidata a deputada federal, se defendeu criticando Burguês quanto à sua atuação como presidente da Casa e por participar das reuniões de forma remota, o que, segundo ela, seria o costume do vereador.
De fora da discussão, mas também utilizando espaço na Câmara para se posicionar durante o período eleitoral, a vereadora e candidata a deputada federal Iza Lourença (PSOL) solicitou a palavra e disse que sua participação seria para dar apoio aos trabalhadores do metrô. “Hoje votamos um projeto importante para combater a ‘máfia do busão’ aqui na nossa cidade. E sabe o que o nosso governador Romeu Zema, junto com o presidente Jair Bolsonaro (PL) querem fazer agora na nossa cidade? Criar a máfia do trem. Um transporte pautado pelo lucro vai subir mais ainda a tarifa”, disse Iza Lourença ao defender a greve dos metroviários. A vereadora Fernanda Altoé (Novo) contestou a fala de Iza Lourença.
PAUTAS DE SETEMBRO DEVEM SER MENOS POLÊMICAS
Burguês destacou que o período eleitoral é “festa da democracia” e o momento para as discussões serem colocadas. Ele criticou Nely sobre as futuras pautas no legislativo municipal da capital. “Quero lamentar a decisão do colégio de líderes dessa Casa, puxado pelo líder de governo e presidente da Câmara, quando eles me falam para não colocar projetos polêmicos. Eu quero discutir a polêmica. O cidadão de BH precisa saber a situação dos ambulantes, se querem ter banheiros de acordo com sexo ou questões LGBT. O cidadão de belo horizonte tem direito de saber o posicionamento dos vereadores. Por que esconder as discussões de Belo Horizonte?”. Burguês é candidato a deputado federal, assim como Nely.
Bruno retrucou Burguês, defendeu o executivo da capital e disse que a CMBH não pode virar palanque no período eleitoral. “O executivo apresentou duas propostas. Uma é a que institui a política municipal de mudanças climáticas e a outra, que tramita nas comissões, é a extensão do Auxílio Belo Horizonte. Cada líder de bancada e de bloco elencou suas prioridades para este mês. Todos nós somos candidatos, temos interesses em pautas específicas. É legítimo e natural, mas não pode transformar isso num palanque e circo”, afirmou Bruno.
Nely começou sua resposta a Burguês com uma alfinetada por ele estar presente fisicamente, alegando que o vereador costuma participar remotamente. “Cada presidente tem um formato. Na sua época você definia sozinho os projetos que iriam em pauta. Hoje foi a oitava reunião de líderes, escolhidos pelas bancadas. Eles votam e acordam dentro de uma reunião, todo dia primeiro. A CMBH nunca fugiu de um debate, muito pelo contrário. Porém, hoje, o que determina os projetos para pauta são as reuniões de líderes. Enquanto eu estiver vai ser nesse formato porque acho respeitoso com meus colegas, a palavra de todo mundo tem o mesmo peso e vai ser assim até dezembro.