Prefeito Fuad Noman se movimenta para garantir aliado como presidente da Câmara
A menos de 15 dias para a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), o prefeito Fuad Noman (PSD) entrou na disputa e tenta cooptar apoio suficiente para eleger um nome para a presidência que não o faça refém como foi com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), que, além de não conseguir aprovar projetos de seu interesse, foi alvo de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
Conforme mostrou o jornal O TEMPO, a disputa vem se desenhando entre três grupos: o de vereadores da base do governo, de vereadores ligados a atual presidente Nely Aquino (Podemos) e o deputado federal Marcelo Aro (PP), com três candidatos possíveis — Juliano Lopes (Agir), Wesley (PP) e Wilsinho da Tabu (PP) — e o liderado pelo vereador Gabriel (sem partido), que é candidato.
A prefeitura tenta emplacar dois possíveis nomes: Bruno Miranda (PDT), líder de Fuad na Casa, e Wanderley Porto (Patriota), vice-líder do governo. O entendimento entre os vereadores da base é de que é preciso buscar um nome que traga independência para a CMBH mas com harmonia com o Executivo.
Cálculos
Ao todo, a base teria seis votos garantidos, que poderiam se somar a mais cinco votos do bloco de esquerda e a mais quatro do bloco do Avante, totalizando 15. Mas, mesmo que consiga atrair o apoio do Avante e da esquerda, faltariam seis votos para conquistar os 21 necessários para ganhar a eleição.
Uma estratégia possível para chegar à disputa de 12 de dezembro com tranquilidade é tentar atrair apoio de Gabriel Azevedo e seus aliados. Apesar de manter a candidatura ao posto, Gabriel tem bom trânsito com o prefeito. Na semana passada, ele recebeu Fuad para um jantar em sua casa. O secretário de Governo da prefeitura, Josué Valadão, um dos responsáveis pelas negociações em nome do governo, participou do encontro. No dia seguinte, Gabriel Azevedo se reuniu com um grupo de vereadores, entre eles representantes da base de governo na Câmara.
Além do voto de Gabriel, uma aliança com a prefeitura levaria outros cinco votos que hoje são apoio certeiro ao vereador. Com isso, o governo teria os 21 votos para garantir a vitória. No entanto, apesar de suas recentes movimentações, Gabriel mantém sua candidatura.
“Minha candidatura está definida. Não somente para a eleição, mas pelo que ofereço nos próximos dois anos: diálogo e independência. Converso bem com todas as forças e não quero ver um lado derrotado. Trabalho pelo consenso. Não quero ver ninguém com o sentimento de derrota. Isso é ruim para o biênio. Precisamos cuidar da cidade acima dos interesses de cada parte”, afirmou o parlamentar, que também mantém diálogo com o grupo ligado à presidente Nely Aquino, com quem se reuniu em jantar na noite dessa terça-feira (29).
O vereador Léo Burguês (União Brasil), do grupo de apoio a Gabriel, ressaltou o nome do parlamentar. “Estamos trabalhando um grupo que tenha um presidente republicano, que não faça oposição à cidade, que não divida a Câmara e que paute as grandes discussões de BH”, afirmou.
Valadão foi procurado para comentar a disputa em nome do Executivo, visualizou as mensagens, mas não respondeu.
Bloco da esquerda e Avante não cravam apoio à prefeitura
O líder do Avante na Câmara de Belo Horizonte, vereador Claudiney Dulin, afirmou que a bancada, que conta com quatro nomes, ainda não definiu quem apoiará na eleição que será realizada daqui a menos de 15 dias.
“Os nomes que foram postos são todos bons nomes, com que estamos conversando, mas ainda não há uma definição, até porque os próprios grupos não se definiram. Vamos votar em conjunto e em um candidato que represente bem a Câmara, tenha bom trânsito e faça um bom trabalho para a cidade”, afirmou. Dulin chegou a ter o nome ventilado como possível candidato apoiado pela prefeitura, e o partido ainda se divide entre o apoio a um nome de Fuad ou vindo do grupo de Gabriel Azevedo.
Pedro Patrus (PT), do bloco de esquerda, o outro possível aliado da prefeitura, disse que o grupo ainda não se definiu, podendo, inclusive, ter candidatura própria.