Tarifa de ônibus a R$ 4,50 é defendida por unanimidade na Câmara de BH
Subsídio às empresas de ônibus só será aprovado com essa condição. Lideranças indicam 13 PLs para plenárias de junho
Em reunião do Colégio de Líderes nesta segunda-feira (22/5), o presidente da Câmara Municipal, vereador Gabriel (sem partido), apresentou aos integrantes da Mesa Diretora e aos líderes de blocos e bancadas o contexto do substitutivo proposto por ele ao Projeto de Lei 538/2023, do Executivo, que dispõe sobre o subsídio ao transporte coletivo. Por unanimidade, as lideranças defenderam o retorno da tarifa de ônibus para R$ 4,50, valorizando também um esforço coletivo de todos os vereadores para que as economias da Casa ajudem nesse objetivo; sem a garantia da passagem a R$ 4,50, segundo Gabriel, a matéria não será pautada. Diante da decisão unânime, o presidente solicitou um encontro com o secretário municipal de Fazenda, Leonardo Colombini, para tratar da questão. Para compor a pauta das reuniões ordinárias do Plenário nos primeiros 10 dias uteis do mês de junho, as lideranças indicaram 13 proposições, dispondo sobre a política cultural, cobrança de tributos e Código de Posturas. O Executivo não indicou nenhum projeto. Quatro vetos do prefeito, que violariam acordos firmados previamente para viabilizar a sanção, podem ser mantidos ou derrubados pelo Plenário.
As negociações entre a Câmara e a Prefeitura sobre a concessão de subsídio para as empresas de ônibus foram o tema principal da reunião do Colégio de Líderes. Foco central do debate, o valor do subsídio acordado entre a PBH e as empresas para reverter o aumento da tarifa, reajustada para R$ 6,00 em abril, foi definido em R$ 512,8 milhões; receando que a concessão desse valor não garanta o retorno da tarifa como tem sido ventilado, o presidente e as lideranças concordaram em estabelecer essa garantia como condição para que a matéria seja pautada na Câmara. Para garantir o valor acordado do subsídio, a Câmara se dispõe a economizar e devolver recursos de custeio da instituição.
Com a concordância dos colegas, Gabriel assegurou que a Câmara também não vai aceitar a tarifa de R$ 5,00 que chegou a ser considerada nas últimas negociações, e que o valor de R$ 4,50 é inegociável. Ainda durante a reunião, ele enviou mensagem pelo celular ao secretário Municipal da Fazenda solicitando uma reunião para tratar do assunto; o gestor, que já teria admitido ao presidente a viabilidade de encaixar esse valor no orçamento, pelo menos até o final deste ano, concordou em agendar o encontro. A partir de 2024, a matéria já poderá ser formalizada no orçamento do Município; antes disso, porém, os vereadores defendem a realização de uma auditoria para apuração precisa dos custos do sistema.
Relações com o Executivo
Além da “enrolação” nas negociações sobre o subsídio, que chamou de “o bode na sala”, o presidente criticou a tentativa da Prefeitura de culpar a Câmara pela manutenção do reajuste da tarifa em comunicações veiculadas na imprensa e nas redes sociais. Gabriel considerou injusta e “patética” a simplificação do problema tão complexo à questão de votar ou não votar. “Só vou pautar a matéria quando o valor de R$ 4,50 e o cumprimento de todas as condições exigidas estiverem garantidos” reforçou, mencionando contrapartidas como a gratuidade de linhas que atendem vilas e favelas, concessão de passe livre a estudantes, pessoas com deficiência, em tratamento de doenças crônicas e mulheres vítimas de violência doméstica. Antes da apreciação do substitutivo, que contém as condicionantes, o texto do Executivo terá de passar nas comissões e ser votado no Plenário, em 1º turno. A tramitação deve ter início já nesta semana.
A atitude do Executivo em relação a diversos membros da Câmara, que não estariam sendo atendidos na Prefeitura e nas Secretarias, também foi criticada. O presidente informou que já expôs o problema ao secretário de Assuntos Institucionais e Comunicação Social, o vereador licenciado Claudiney Dulim, e cobrou que todos sejam recebidos e ouvidos, sejam da esquerda, da base ou independentes. Gabriel lamentou ainda o descumprimento de acordos feitos antes da votação de projetos, em que a Casa se compromete a aprovar emendas ou rejeitar itens destacados para viabilizar sua sanção. Quatro vetos que serão apreciados em junho, segundo ele, violam acordos desse tipo. Jorge Santos (Republicanos) apontou ainda o não envio de representantes às audiências da Casa e sugeriu que essas ocorrências teriam aumentado após a eleição da Mesa Diretora.
Benefícios a empreendedores e contribuintes
Aguardando votação definitiva, poderão ser apreciados em junho no Plenário, com as respectivas emendas, os PLs 362/2022, de Braulio Lara (Novo), que altera a legislação tributária municipal para permitir o pagamento proporcional da Taxa de Fiscalização de Localização e Funcionamento, hoje cobrada no valor anual cheio; e 487/2023, assinado por Braulio e outros 13, que amplia o leque de opções das empresas que, por impossibilidade técnica, não conseguem promover a ligação com a rede de esgoto da Copasa. Em 1º turno, poderão ser votados os PLs 525/2023, de Ciro Pereira (PTB) e mais 11 autores, que prevê concessão de crédito à pessoa jurídica de direito privado que contribua efetivamente para a geração de emprego; e 529/2023, de Marcela Trópia (Novo), que propõe a remissão e a devolução do IPTU de imóveis atingidos por desastres ou incidentes decorrentes de chuva ou outro fato da natureza que configure grave prejuízo material, econômico ou social.
Posturas e transparência
Incidindo sobre o Código de Posturas do Município, serão incluídos em pauta para votação em 1º turno os PLs 518/2023, de Ciro, Braulio e outros 18 parlamentares, que altera o Código de Posturas para permitir que museus, teatros e cinemas veiculem mensagem de propaganda dos seus eventos culturais em banners, painéis e similares eletrônicos; e 519/2023, de Claudiney Dulim, que insere na mesma lei a permissão da nomeação de dois prepostos para substituir o titular no exercício de atividade de comercialização de alimentos em veículo de tração humana e automotor.
Em caráter definitivo, podem ser votados a Proposta de Emenda à Lei Orgânica (PELO) 2/2021, assinada por Profesora Marli (PP) e mais 13 parlamentares, que determina o comparecimento dos secretários municipais da administração direta à Câmara, pessoalmente, a cada quatro meses, para prestar informações relativas às suas respectivas pastas, sob pena de responsabilização (sem prejuízo da prestação de contas quadrimestral do Executivo, que já acontece); e o PL 398/2017, de Jorge Santos, que obriga a publicação, no site da PBH, das informações sobre a aplicação de recursos derivados de multas de trânsito.
Cultura Viva
Indicado pela bancada do Psol, poderá ser votada em caráter definitivo a instituição da Política Municipal Cultura Viva, prevista no PL 816/2019, de Cida Falabella (Psol) e a ex-vereadora Bella Gonçalves. Com seis capítulos e 39 artigos, a proposta visa a consolidar, em âmbito municipal, a Política Nacional Cultura Viva, instituída em 2004, “reconhecendo e garantindo, por meio de ações de articulação, participação cidadã e fomento, a autonomia das entidades dos grupos, coletivos, redes e agentes culturais, que desenvolvam ações em territórios, campos identitários e/ou temáticos; promover a reflexão crítica e o enfrentamento às desigualdades socioeconômicas por meio da cultura, da arte, das manifestações tradicionais”, em “uma política cultural de base comunitária, favorecendo o exercício da cidadania pelos diversos indivíduos, grupos e segmentos sociais, entendendo o acesso à cultura como uma das condições fundamentais para o desenvolvimento humano, social e econômico de forma sustentável”.
Irlan Melo (Patri) relatou que, a pedido da Frente Parlamentar Cristã, após discussões com o partido, foi acordada a votação em destaque e em bloco de alguns itens do texto. Em troca, segundo ele, a Frente se comprometeu a não obstruir nem orientar o voto contrário ao projeto.
Outros projetos
Foram indicados ainda para a pauta de junho os PLs 704/2019, assinado por 21 vereadores e ex-vereadores, que dispõe sobre a deposição e a destinação final dos resíduos sólidos e rejeitos da mineração no município; 298/2022, de Bruno Miranda (PDT), que dispõe sobre a coleta de medicamentos vencidos por farmácias e drogarias; 769/2013, de Juliano Lopes (Agir), que propõe a desafetação e venda de 11 lotes na Região do Barreiro, com preferência para os proprietários dos imóveis limítrofes (todos em 2º turno); e, em 1º turno, o PL 500/2023, de Ciro Pereira, que estende às gestantes e as pessoas acompanhadas de crianças de até dois anos o direito às vagas prioritárias.
O Executivo não solicitou a inclusão de nenhum projeto de sua autoria na pauta de junho.