3 - 4 minutes readO que dizem os bastidores da Câmara após mudanças no secretariado
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Oficialmente, o prefeito Fuad Noman (PSD) e o secretário Marcelo Aro (Casa Civil) garantem que a base não sofrerá mudanças, mas outros vereadores têm dúvidas

As diversas trocas no alto escalão da Prefeitura de BH e o afastamento de Fuad Noman (PSD) do chefe da Casa Civil do Governo de Minas, Marcelo Aro, tiveram reflexos nos bastidores da Câmara Municipal de BH. Enquanto alguns vereadores manifestaram surpresa, outros viram os movimentos como esperados, principalmente após os secretários municipais ligados a Aro perderem força nos bastidores – eles sequer foram à prestação de contas do Executivo ao Legislativo na semana passada. 

A principal repercussão na Câmara se concentrou no futuro da base do prefeito na Casa. Hoje, Aro tem forte influência sobre oito parlamentares: José Ferreira (PP), Rubão (PP), Wilsinho da Tabu (PP), Professora Marli (PP), Marcos Crispim (Podemos), Professor Juliano Lopes (Agir), Flávia Borja (PP) e Cláudio do Mundo Novo (PL). Todos esses são aliados de Fuad no Legislativo. Contudo, após Aro deixar o primeiro escalão, há risco deles deixarem de compor a base? 

Ao menos oficialmente, a resposta é não. “Todos os vereadores do nosso grupo permanecem na base do prefeito Fuad. Não tem uma ruptura aqui. Seria muito injusto da nossa parte ter qualquer outro tipo de postura, sendo que o prefeito foi muito correto conosco. O que há hoje é um entendimento do nosso grupo. A gente está desconfortável de estar na prefeitura sendo que a eleição está se aproximando, e a gente ainda não sabe se vamos caminhar com o prefeito Fuad. Tirando isso, continua tudo igual”, disse Marcelo Aro em entrevista coletiva. 

Pelas redes sociais, o prefeito Fuad Noman foi na mesma linha. “A saída (dos secretários) acontece em comum acordo, em função de projetos eleitorais distintos. Pelo bem de Belo Horizonte, sigo contando com o apoio dos vereadores na base da Câmara”, escreveu no X (antigo Twitter). 

Nos bastidores, porém, não há tanta certeza. Outros vereadores da base com os quais a reportagem conversou em sigilo, que não integram a Família Aro, mostram preocupação sobre o futuro do bloco. O principal fator decisório, na visão desses parlamentares, é o segundo escalão da prefeitura. Isso porque os oito vereadores ligados a Aro indicaram pessoas para outros cargos, fora do secretariado. Se o Executivo exonerar essas pessoas também, há um temor de que o grupo deixe de votar sempre com o prefeito. 

A conta é simples: sem cargos, por que o grupo ligado a Aro continuará com o prefeito? Além disso, esse afastamento pode ser motivado pela eleição municipal. Se o ex-deputado e chefe da Casa Civil fechar com outro candidato em BH, como é a tendência de momento, esse movimento pode motivar o enfraquecimento da base do prefeito. 

Ao mesmo tempo que preocupa, o futuro da base não é a principal dor de cabeça dos vereadores aliados do prefeito. Na visão de todos os parlamentares ouvidos por O TEMPO, a prefeitura não tem projetos tão prioritários para votar até o fim do ano Legislativo. A cada semana que passa, os olhos dos vereadores e do próprio Fuad se voltam ainda mais para o pleito eleitoral. 

Exemplo disso é que a Câmara tem votado projetos em bloco, justamente para liberar a agenda dos vereadores. Em abril, por exemplo, serão apenas três dias de votações, começando por esta terça e quarta-feiras (2 e 3/4). O terceiro acontecerá na quarta-feira da semana que vem (10/4).  

As exonerações

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), confirmou a exoneração dos quatro secretários municipais que haviam sido indicados há pouco menos de um ano pelo chefe de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP). Segundo o chefe do Executivo, o grupo apresentou cartas de demissão na manhã desta segunda-feira (1º).

Com a decisão, deixam a prefeitura os secretários de Governo, Castellar Guimarães Neto; de Educação, Roberta Rodrigues Martins Vieira; de Meio Ambiente, José Reis Nogueira de Barros; e de Desenvolvimento Econômico, Fernando Campos Motta. As exonerações devem ser formalizadas no Diário Oficial do Município (DOM) desta terça-feira (2).