Aro tenta manter influência na Câmara de BH e compra briga com Fuad
Derrotado na disputa deste ano pelo Senado, sem mandato a partir do ano que vem e com sua influência reduzida no governo de Minas Gerais e na Assembleia Legislativa do Estado, o deputado federal Marcelo Aro (PP) busca manter seu domínio na Câmara Municipal de Belo Horizonte, inclusive, prometendo, por meio de mensagem direcionada ao prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), complicar a vida do Executivo no Legislativo municipal, onde, apesar de não ter mandato, exerce grande influência.
Segundo fontes próximas a Fuad, que preferiram não serem identificadas, chegou ao prefeito, por meio de interlocutores, o seguinte recado em tom ameaçador do deputado: “se meu grupo perder a presidência, prepara-se para a pior oposição que você poderia ter. Agora, se meu grupo ganhar, você não termina o mandato.”
Aro comanda um grupo de dez vereadores fiéis a ele denominado “família Aro” nos corredores da Câmara. Além de marcar seu território, o objetivo do deputado federal seria forçar a prefeitura a não apresentar candidato para a disputa pela presidência da Câmara da capital, com mandato de dois anos, marcada para dia 12 de dezembro, e apoio ao seu candidato. Esse candidato, no entanto, ainda não está definido, já que ao menos três vereadores da “família Aro” – Juliano Lopes (Agir), Wesley (Patriota) e Wilsinho da Tabu (PP) – têm interesse no posto. A atual presidente da Câmara e deputada federal eleita, Nely Aquino (Podemos), pertence também ao grupo político.
Além dos dez votos garantidos da chamada família, o candidato que sair dessa costura ainda tem outros cinco votos praticamente garantidos vindos das bancadas do Novo e do PL, embora esses dois outros grupos ainda não declararam apoio.
Oposição a Kalil
O grupo liderado por Marcelo Aro nesta legislatura na Câmara Municipal da capital, engrossou a forte oposição que o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) sofreu em seu segundo mandato à frente da prefeitura antes de deixar o cargo para concorrer ao governo de Minas como exigia a legislação eleitoral.
Importante aliado no primeiro mandato de Kalil, Aro acabou rompendo com o ex-prefeito, e seus liderados na Câmara, endossaram duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) contra a gestão de Alexandre Kalil e prejudicaram votações importantes para o Executivo, como a do empréstimo para obras no Vilarinho contra as enchentes que sempre castigam a região.
Há oito meses à frente da prefeitura, Fuad Noman tem hoje três projetos prioritários para o Executivo em tramitação no Legislativo: reforma da previdência, minirreforma administrativa e tomada de empréstimo para obras na Vilarinho. Desde a posse, o Executivo não enfrentou grandes desafios com a Câmara e a relação segue pacificada. No entanto, o recado pode ser um indicativo de que a paz entre Executivo e Legislativo pode estar com os dias contados.
A coluna procurou o prefeito para confirmar o teor do recado e para comentar a declaração e sua relação com Aro, no entanto, ele visualizou a mensagem enviada e não respondeu.
O deputado Marcelo Aro também foi procurado. Uma mensagem automática redirecionou o contato para o da assessoria que foi procurada, mas não respondeu aos contatos.