Volta às aulas? Em visita ao Imaco, vereadores ‘reprovam’ retorno imediato
Uma comissão formada por vereadores de Belo Horizonte iniciou na manhã desta quarta-feira (17/2) uma série de visitas a colégios municipais da capital para avaliar as condições sanitárias em relação ao combate à proliferação do novo coronavírus. E a primeira impressão já gerou polêmica: enquanto vereadores veem a necessidade de mais ajustes para o retorno às aulas presenciais, a subsecretária de Educação da capital afirma que os protocolos estão sendo seguidos.
A primeira escola visitada pela comissão foi o colégio Imaco, localizado na Rua Gonçalves Dias, Bairro Funcionários, Região Centro-Sul da capital.
Os vereadores Rubão (PP), Macaé Evaristo (PT), Wilsinho Tabu (PP) e Flávia Borja (Avante) foram recebidos pelo vice-diretor da instituição, Walter César da Rocha, e percoreram as dependências da escola, passando por salas de aulas, banheiros e refeitórios.
Segundo os vereadores, a principal preocupação é a garantia de boas condições e segurança sanitária, a alunos e profissionais, na volta das aulas presenciais.
Após a visita, o vereador Rubão foi enfático sobre as condições apresentadas no Imaco: “No momento, é impossível a volta às aulas neste colégio devido as condições de estrutura como distanciamento nas salas de aula e bebedouros sem as devidas medidas de segurança para evitar o contágio”, afirmou.
A afirmação do vereador foi contestada pela subsecretária de Educação de Belo Horizonte, Nathália Araujo. Ela garantiu que ”o colégio segue todas as normas de prevenção, incluindo o distanciamento nas salas, de dois metros entre cada carteira, ventilação adequada de portas e janelas, como também a substituição dos bebedouros de jato de aproximação facial para ganchos de saída de água”.
“As refeições no intervalo feitas dentro da sala de aula, para evitar aproximação no refeitório. Convido os vereadores para visitarem novamente o colégio e repetir as verificações das medidas de segurança na contenção da COVID-19“, acrescentou a subsecretária.
Álcool em gel
O vereador Wilsinho da Tabu (PP) reafirma a necessidade de mais ajustes: “A Secretaria de Educação está interessada em atender aos protocolos, mas ainda falta muita coisa para se adequar e ficar no formato que seja responsável para a volta às aulas”.
As vereadoras Macaé Evaristo (PT) e Flávia Borja (Avante) concordam que ainda há adaptações a serem feitas, como dispensadores de álcool em gel acionado pelos pés, reforma nas janelas para aumentar a ventilação nas salas e demarcação de distanciamento no chão.
Flávia Borja afirma que as adaptações devem ser feitas o mais breve possível, para retorno das aulas antes do segundo semestre deste ano: “A vacinação é importante e está acontecendo. O ideal é que os professores sejam o próximo grupo a ser vacinado, mas não devemos depender somente disso para voltar. A escola sempre foi uma instituição cuidadosa e ela saberá retornar, respeitando os protocolos e fazendo uma adaptação com novo modelo de educação”.
A vereadora Macaé Evaristo pontuou outras necessidades que precisam ser antendidas antes da retornada. São ações previstas no Protocolo de Funcionamento das Escolas (Infantil, Fundamental e Médio), criado pela Prefeitura de Belo Horizonte para o retorno das aulas presenciais.
“O protocolo diz que é necessário ter uma pia para cada 15 alunos e divisórias de acrílico, e não observamos esse ajuste lá (Imaco). Também recomenda atividades com audiovisual, para evitar contato dos alunos. Mas as salas de aulas que visitamos não estão equipadas com TVs e demais instrumentos eletrônicos”, lista.
Macaé Evaristo ainda destaca que é preciso montar um plano com os fluxos de refeitório. Incialmente, os lanches poderão ser feitos nas salas de aula, mas ainda cabe discussão sobre possível divisão da turma e como isso funcionará.
Os aparelhos de aferição de temperatura são outra preocupação. Segundo Macaé, na escola há somente dois termômetros, quantidade que pode ser insuficiente para todos os alunos e funcionários.
Ela também defende que seja feito um debate com profissionais da educação, alunos e familiares, antes de marcar datas para retorno das aulas presenciais.
l“A iniciativa da Câmara foi muito boa, para acompanharmos de perto as adequações dos espaços. Mas outro ponto que nos preocupa muito é a vacinação e a testagem, tanto de estudantes quanto de profissionais. O que fazer em caso de suspeita?” questiona a vereadora.
Ensino a distância
Caso o retorno das aulas presenciais ainda não seja possível neste momento, é preciso pensar em outra alternativa para continuar o processo educacional dos alunos, destaca Macaé.
A rede municipal, muitas vezes, conta com estudantes em situação mais vulnerável, sem acesso a internet ou a computadores, lembra a vereadora. Por isso, ela apresentou um projeto de lei instituindo o passe-livre de internet e computador por aluno.
“Ainda que não retomem as atividades presenciais, é preciso avançar no processo com as aulas remotas e dar condição para crianças e adolescentes que não têm. É preciso pensar na garantia de estrutura, mas também nas condições dos alunos”, finaliza a vereadora.
Cronograma das visitas
A comissão de vereadores dará sequência às visitas na semana que vem.
A partir de segunda-feira (22/2), eles vão avaliar as condições de outras escolas, seguindo o calendário abaixo:
- 22/2 – Escolas George Ricardo Salum e Professora Alcida Torres, no Bairro Taquaril, e Escola Municipal Levindo Lopes, no Paraíso
- 8/3 – Escolas Municipais Emídio Berutto, no Santa Inês; Professora Marília Tanure Pereira, no Esplanada; e Monsenhor João Rodrigues de Oliveira, no São Geraldo
- 15/3 – Escola Municipal Santos Dumont, no Bairro Santa Efigênia; Professor Domiciano Vieira, no Sagrada Família; e Israel Pinheiro, no Alto Vera Cruz
- 22/3 – Escolas Municipais Professor Lourenço de Oliveira, no Bairro Santa Tereza; Padre Francisco Carvalho Moreira, no São Geraldo; e Doutor Júlio Soares, no Granja de Freitas
- 29/3 – Escolas Municipais São Rafael, no Bairro Pompéia; Wladimir de Paula Gomes, no Caetano Furquim; e Fernando Dias Costa, no Taquaril